domingo, 20 de setembro de 2009

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Apesar de ser ainda início do semestre, posso afirmar que realmente estou gostando das leituras propostas até então nas diversas interdisciplinas. A última realizada e que me chamou atenção foi de Ângela B. Kleiman, autora do texto “Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola”. Ela aborda a questão do letramento como um tema recente e ao mesmo tempo marcante, ganhando força através de pesquisas e práticas que vem sendo realizadas acerca do assunto.

A escola, da forma como é vista hoje, ainda é o local onde se aprende a ler e a escrever, isto é, onde ocorre o processo de alfabetização. Porém devemos estar atentos ao fato de que esta mesma instituição, segundo a autora, apesar de ser a mais importante agência de letramento, não está preocupada com o letramento social e sim apenas com aquele formal, o escolar. Este equívoco está relacionado a diversos fatores, entre eles ao fato de que a escola julga apenas ser importante a aquisição de códigos para simples promoção do aluno na escola.

Outro aspecto relevante é que as práticas de uso da escrita na escola estão baseadas num padrão de letramento que é muitas vezes parcial e equivocado, considerando que há apenas uma forma de o letramento ser trabalhado com os alunos. Desta forma, a escola padroniza e classifica alunos como alfabetizados e não alfabetizados, não dando importância alguma com a forma que o aluno interage com as habilidades de leitura e escrita. Este modelo de letramento é denominado modelo autônomo.

O letramento social, por sua vez vai além daquilo que é proposto formalmente nos processos de leitura e escrita. Ele leva em conta toda a vivência e experiência que o educando tem de mundo, mesmo que isto envolva apenas aspectos relacionados à oralidade, pois entende que a ação do sujeito em cima de seus conhecimentos é que também vai facilitar seu processo de letramento. Nesta linha de pensamento caracteriza-se o modelo de letramento ideológico, que leva em conta que todas as práticas de letramento abrangem aspectos culturais e de poder que a aquisição da escrita representa.

Finalizando, acredito que a função que a escola tem a desempenhar está justamente na equalização de unir os dois processos: alfabetizar letrando e que para isso é necessário levar em conta as habilidades e conhecimentos que os alunos já trazem consigo, conscientizar-se de que as práticas de letramento diferem em relação ao contexto, pois envolvem entre outros, aspectos culturais e que este processo ultrapassa os limites das paredes escolares e deve considerar a função social que a escola tem: de contribuir para uma sociedade melhor.

Particularmente, já havia ouvido falar vagamente sobre o letramento, mas não tinha ainda um conceito formado a respeito deste tema. Hoje percebo que não podemos enquanto educadores alfabetizar nossos alunos sem letrá-los, pois os dois processos são complementares numa alfabetização funcional. Estou num curso de formação continuada promovido pelo Mec em parceria com a Universidade Pernambuco e a Smed do nosso município que se denomina Alfabetização e Letramento e apesar de estar no início promete trazer muitos conhecimentos e trocas de experiencias com colegas. Com certeza isto vai enriquecer minhas contribuições.

Um comentário:

Catia Zílio disse...

Cara Sandra!
Teu registro apresenta os elementos da leitura que realizaste de forma bastante reflexiva.
Assim, ao propor questionamentos não significa que tua escrita não estava qualificada, mas parte do pressusposto de que nossas aprendizagens não são algo acabado, mas em permanente reconstrução.
Partindo da proposta de
"equalização de unir os dois processos: alfabetizar letrando" como função primordial que deve ser buscada pela escola, quais mudanças consideras necessárias?
Encontrei na rede um material que pode ser interessante, pois destaca alguns passos para o “professor-letrador”:http://eduquenet.net/letramento.htm
Seguimos conversando!
Abraços, Cátia